quarta-feira, 1 de agosto de 2007

L'Enfer


Então, dois séculos atrás, os Racionalistas tiveram que achar algo para substituir o destino, porque em um mundo no qual Deus se iguala à razão, o destino não pode existir. Por outro lado, tiveram que explicar eventos que eram incompreensíveis para a mente humana. Daí inventaram a coincidência. Talvez eu seja um pouco antiquada, mas prefiro o destino... para explicar o inexplicável. Acho diferente. Traz significado, se comparado a coincidência que é uma força puramente mecânica. Eu poderia aceitar até mesmo a morte... contanto que seja parte do roteiro das coisas. Se fosse um capítulo no grande Livro da Vida, a morte seria provocada pelo destino. Mas como eu posso aceitar a morte sendo um evento fortuito... como um vaso que cai em minha cabeça bem na hora que passo na calçada? Seria uma morte estúpida, destituída de razão ou dimensão espiritual.
É por isso que prefiro o destino. E, esteticamente falando, é de longe superior a coincidência. O destino nos convida a escrever. Não acho que a literatura poderia tirar da coincidência mais do que lamentações cínicas, agnósticas, relativas à ausência de sentido e razão do mundo, o que dá no mesmo,

já que tudo está perdido.

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